Nova atuação empresarial: Os negócios de impacto social – SINDBORJ
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Nova atuação empresarial: Os negócios de impacto social

Nova atuação empresarial: Os negócios de impacto social



Confira a matéria especial publicada na edição de fevereiro da Carta da Indústria.

O setor produtivo é, mais do que nunca, protagonista na busca do bem-estar da população, da preservação dos recursos naturais e de soluções para os desafios econômicos da sociedade.  Os negócios de impacto social, além de serem viáveis economicamente, têm a missão de enfrentar os desafios das desigualdades. Para se ter uma ideia, números do estudo “País estagnado – um retrato das desigualdades brasileiras 2018”, feito pela Oxfam Brasil, mostram que o rendimento médio do 1% mais rico é 72 vezes o da metade mais pobre.

O valor compartilhado está inserido, por exemplo, na cultura da multinacional Danone, com iniciativas de impacto social e ambiental internalizadas na operação da companhia. “São projetos focados dentro da cadeia de valor, ou seja, a matéria-prima que será inserida no produto ou na embalagem, passando pela produção, comercialização e fim de vida do produto”, afirma Pedro Vasconcellos, gerente de Sustentabilidade da Danone Brasil, que recentemente contou, na Firjan, a experiência da companhia nessa área.

Para chegar a esse modelo, a empresa vive uma jornada de transformação, iniciada com a missão de levar saúde por meio da alimentação para o maior número de pessoas possíveis, passando pela revisão do portfólio para focar em produtos mais saudáveis.

Assim como a Danone, a Coca-Cola também passa por mudança. “Temos orgulho da nossa história, mas temos certeza de que o jeito que operamos durante 100 anos não vai nos levar para os próximos 100. É uma mudança cultural difícil e de muitos aprendizados. Achávamos que relevância era ter penetração nos lares e exposição da marca, mas aprendemos que é ter impacto real na vida das pessoas”, conta Flavia Neves, gerente de Sustentabilidade e Valor Compartilhado da Coca-Cola Brasil.

“É uma mudança cultural difícil e de muitos aprendizados.” –  Flavia Neves, gerente de sustentabilidade e  Valor Compartilhado da Coca-Cola Brasil.

“Queremos trazer essa visão para o nosso público, que é majoritariamente de pequenas e médias empresas, para que ele tenha como missão e razão de existir a geração de valor compartilhado”, pontua Wagner Ramos, analista de Responsabilidade Social da Firjan. Segundo ele, não se trata de buscar uma reputação e imagem positiva da marca, mas de um novo negócio que fomenta a inovação, dialogando com o mercado e o lucro.

Resultados Concretos

Danone e Coca-Cola já colhem resultados. O programa de reciclagem Novo Ciclo, apoiado pelo Fundo Danone Ecosystem, aumentou a renda média dos catadores de R$ 490 (2012) para R$ 1.200, em 2017. Presente em 67 cidades, já beneficiou diretamente 1.400 profissionais de cooperativas. “Uma de nossas redes vende papelão reciclado à Klabin (fornecedora de caixas desse material) e passou a receber 65% a mais por negociar diretamente com a empresa”, conta Lígia Camargo, head de Sustentabilidade e Comunicação da Danone Brasil.

Outra iniciativa, o projeto Kiteiras, realizado em conjunto com a Aliança Empreendedora e Visão Mundial, estimula o empreendedorismo em comunidades menos favorecidas nos estados da Bahia, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo, inovando o canal de distribuição de iogurte nessas localidades. Somente em 2017, foram mais de 2.000 toneladas de produtos comercializados para cerca de 100 mil famílias, por meio da venda porta a porta.

Criado em 2018, o projeto Caruanas, da Danone, Sebrae Rio e Fundo Livelihoods, une agricultura orgânica, incremento de renda no campo e alimentação saudável, na Baixada Fluminense, onde a empresa mantém uma fábrica de água mineral.

A ideia é tornar o Rio o maior polo de produção orgânica do Brasil, aproveitando o crescimento de 30% ao ano nessa área.

Já o Instituto Coca-Cola Brasil criou o Coletivo Jovem para, por meio da capacitação profissional, valorização da autoestima e conexão com oportunidades de geração de renda, empoderar moradores de comunidades urbanas de baixa renda. O programa, em parceria com ONGs locais, impulsionou a renda dos jovens em mais de 40% e a autoestima, em mais de 20%, além de ter aumentado a venda de produtos da empresa nas comunidades.

Captação De Recursos

Ideias inovadoras sensíveis às desigualdades sociais podem contar com o suporte de investidores de impacto. “Procuramos empreendedores que estão deliberadamente querendo resolver problemas usando mecanismos de negócios”, explica Daniel Izzo, cofundador e CEO da Vox Capital, gestora de investimentos, que atua no modelo de venture capital. O foco são iniciativas para problemas reais de educação, saúde ou serviços financeiros. “Um excelente impulso para começar um negócio de impacto é olhar que um problema existe e que algo precisa ser feito para solucioná-lo, mas ninguém está fazendo nada”, sugere Izzo.

Outro caminho para atuar com essa nova perspectiva é buscar a inovação aberta e a aproximação com startups, que podem levar agilidade ao negócio. Wagner Ramos acrescenta que a Firjan estimula a inovação aberta, por meio dos seus Institutos de Inovação, e também a maturidade das startups, por meio de linhas de fomento para desenvolvimento de soluções na área social, oferecidas pelo Edital de Inovação para a Indústria. A primeira chamada de 2019 está com inscrições abertas até 29/03, prevendo aporte de R$ 13 milhões. A federação oferece ainda apoio através da incubação tecnológica, laboratório aberto e encontro de negócios.

Sobre a Carta da Indústria

Revista que representa a indústria fluminense, com conteúdo relevante que impacta os negócios empresariais. A Carta da Indústria já conquistou três prêmios Aberje na categoria melhor jornal externo do estado e dois como melhor jornal externo do país. Com tiragem de 7.500 exemplares, seu público-alvo é composto por empresários e instituições formadoras de opinião. Confira aqui as outras edições do informativo.

Fonte: Firjan

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