Localizado no Maracanã, zona norte do Rio, o laboratório do Instituto SENAI de Tecnologia Ambiental, oferece para pessoas físicas e jurídicas, serviços de análises físico químicas e microbiológicas de águas para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Todos os serviços atendem à legislação vigente – Portaria de Consolidação N.º 5, do Ministério da Saúde. O instituto fica na Rua Morais e Silva 53, bloco 9. O contato também pode ser feito pelo email proposta_istlab@firjan.com.br.
Diante da grave crise na qualidade da água distribuída para a cidade do Rio de Janeiro e municípios da Baixada Fluminense, e a série de boatos decorrentes desse problema de saúde pública, o Instituto SENAI de Tecnologia Ambiental e a empresa S2G, de soluções em sistemas de gestão para a indústria alimentícia, promoveram um questionário com perguntas e respostas com o objetivo de esclarecer as principais dúvidas da população.
“A ideia é fornecer informações técnicas sobre o assunto e evitar as diversas fake news que a população fluminense está recebendo, via as redes sociais”, diz a analista de Microbiologia do Instituto de Tecnologia Ambiental da Firjan SENAI, Camila Barreto, que possui mestrado em Vigilância Sanitária pela Fiocruz.
1) O que está acontecendo com a distribuição de água pela Cedae?
A atividade humana e uma constante descarga de matéria orgânica nos mananciais que abastecem a cidade, como, por exemplo, o manancial do Rio Guandu, está fortemente associada à crescente eutrofização desses sistemas. Com isto, o ambiente se torna favorável à ocorrência de florações de algas e cianobactérias, deixando a água com aspecto esverdeado e podendo causar alterações no odor e sabor, devido aos compostos produzidos por estes microrganismos.
Além disso, as florações também geram desequilíbrio no ecossistema pela diminuição brusca do oxigênio dissolvido, causando outros fenômenos como a mortandade de peixes, frequentemente observada na Lagoa Rodrigo de Freitas.
Até o momento, em nota de esclarecimento divulgada em 07/01/2020, a Cedae informou que técnicos detectaram a presença da substância geosmina em amostras de água, e que os demais parâmetros se encontraram inalterados segundo a Portaria de Consolidação n° 5 de 28 de setembro de 2017 do Ministério da Saúde.
2) O que é geosmina?
É um composto orgânico produzido por espécies de actinobactérias presentes no solo. Quando chove, é responsável pelo cheiro característico de “terra molhada”, fenômeno conhecido como Petricor.
A geosmina também é produzida por algumas espécies de cianobactérias, sendo observada em florações deste microrganismo, ou seja, quando há o crescimento exagerado em um ambiente. Este crescimento exagerado é fruto do aumento das contaminações dos rios pelo esgoto industrial e residencial, que não é tratado ao longo da Baixada Fluminense, sendo lançado diretamente no Rio Guandu. A substância não oferece riscos à saúde, mas altera o gosto e o cheiro da água.
3) Possui algum perigo de ingestão da água nestas condições?
Não. A presença da geosmina, não oferece riscos à saúde. Além da geosmina, as cianobactérias podem produzir outras substâncias, como as cianotoxinas, dentre elas microcistina, saxitoxina e cilindrospermopsina, que são tóxicas mesmo em baixas concentrações.
Esses compostos podem afetar o sistema nervoso e o fígado, causando sérios danos à saúde, e a análise da sua presença na água de abastecimento é recomendada pela Portaria já citada acima. Até o momento, em nota de esclarecimento divulgada em 07/01/2020, a Cedae, detectou apenas a substância Geosmina, e os demais parâmetros pesquisados encontraram se inalterados.
4) Quais medidas de precaução podem ser tomadas pelos consumidores?
Quem não perceber nenhuma alteração de gosto, cor ou sabor da água pode continuar consumindo normalmente.
Caso algumas dessas alterações sejam identificadas, é indicado que usem filtro de carvão ativado. O mesmo está sendo adotado como medida pela própria Cedae, em nota de esclarecimento divulgada no dia 09/01/2020, e irá servir para reter a geosmina e outras substâncias.
Para casos em que a água não esteja turva e apenas com alteração em odor, indicamos o procedimento de fervura. A geosmina é um composto volátil, porém, para garantir que o procedimento seja eficaz, é necessário a fervura por 20 a 30 minutos. Com esse tempo, outras substâncias e perigos podem ser eliminados.
É fundamental destacar que o uso de cloro deve ser utilizado apenas para desinfecção após o tratamento convencional. E tem que ser usado com muita cautela, pois o cloro acima de 2 ppm reage com o PVC das tubulações domésticas e pode produzir trihalometanos, altamente cancerígenos.
Por fim, é importante o uso de água mineral para os grupos de riscos e pessoas que não têm condição de realizar nenhum dos procedimentos descritos acima. Neste ponto é importante que durante a compra a embalagem e o lacre de segurança estejam íntegros, verificar se o produto é registrado no Ministério da Saúde (basta procurar o número do CNPJ da empresa no rótulo da água e fazer uma busca rápida no site da Anvisa), observar se não há sujeira ou partículas sólidas no interior da embalagem e se o produto está dentro da validade.
Também é importante, durante este período, a maior frequência do monitoramento de reservatórios de água e elementos filtrantes, visto que é fundamental mantê-los em condições de qualidade para atender esta sobrecarga de sujidades nestas superfícies de contato.
Por fim, após a qualidade da água de abastecimento for normalizada, os consumidores devem realizar, se possível, a higienização dos reservatórios de água e, além disso, a troca do elemento filtrante.
Fonte: Firjan