Em reunião na sede da Firjan, em 5/2, o Conselho Empresarial de Energia Elétrica debateu sobre os desafios da segurança hídrica e da geração de energia associados à bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul. O tema foi abordado pelo convidado Jerson Kelman, professor da Coppe/UFRJ, que já foi presidente da Sabesp e da Agência Nacional de Águas (ANA), além de diretor-geral da Aneel e vice-presidente do Conselho de Energia da Firjan entre 2014 e 2015.
Depois de apresentar um panorama sobre a bacia hidrográfica do Paraíba do Sul, que atende aos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, Kelman ressaltou ser necessário tratar o esgoto despejado no rio, que recebe os dejetos majoritariamente in natura, e melhorar a gestão desse recurso hídrico. Para isso, afirmou que o custo do tratamento de água do manancial do Guandu não seria tão alto e que representaria em torno de 40% a mais do que já se gasta hoje.
Novo marco legal do saneamento
Segundo Kelman, no Brasil, há 50% de coleta de esgoto tratado, mas não de forma eficaz em sua maioria, e 80% de abastecimento com água potável. Para ele, o novo marco legal do saneamento é necessário para melhorar os cenários brasileiro e fluminense. “É preciso criar um ambiente favorável para a iniciativa privada investir e obter um lucro controlado, além de uma agência reguladora comprometida e critérios de alocação de recursos a partir de conceitos de necessidades sociais, sem que haja influência política”, pontuou Kelman.
De acordo com Sergio Malta, presidente do Conselho, o diálogo da indústria com Kelman foi muito importante neste momento em que o Rio vive uma crise hídrica. “A água que alimenta a Região Metropolitana do Rio é a mesma que abastece o setor hidrelétrico. Então, foi importante vermos e entendermos a situação em que nos encontramos”.
A Firjan tem atuado constantemente para a melhoria das condições do Paraíba do Sul e para que se faça um esforço financeiro visando sua revitalização. A federação propõe que parte dos recursos oriundos da desestatização da Eletrobras seja direcionada para a recuperação da bacia do Rio Paraíba do Sul.
Na região da bacia estima-se que estejam instaladas aproximadamente 8 mil indústrias, sendo cerca de 3.800 somente no estado do Rio, empregando diretamente cerca de 35 mil pessoas. As atividades industriais presentes na região equivalem a 65% do PIB fluminense. Além disso, a bacia fornece água para a geração elétrica das usinas instaladas em seu leito.
Fonte: Firjan